Fonte: G1
O empresário Eduardo José Barros Costa - preso nesta quarta-feira (20) em uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga suspeita de desvios na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) - tem 48 anos e é natural da cidade de Dom Pedro, no Maranhão.
Conhecido como 'Eduardo DP' ou 'Imperador', Eduardo foi candidato a vereador de Dom Pedro pelo PROS (Partido Republicano da Ordem Social) nas eleições de 2016. Ele também é filho da ex-prefeita da cidade, Maria Arlene Barros, que foi presa em 2015 em uma operação que investigou o envolvimento de gestores públicos com esquemas de agiotagem para fraudar licitações em Dom Pedro.
Também em 2015, Eduardo Costa foi preso suspeito de fazer parte de um esquema que desviou R$ 100 milhões de 42 prefeituras do Maranhão. Segundo as investigações, em uma única conta bancária de Eduardo, foram encontrados mais de R$ 5 milhões, que teriam sido transferidos da conta da prefeitura de Dom Pedro, sem nenhuma justificativa ou comprovação de prestação de serviços.
No mesmo ano, Eduardo Costa foi preso novamente em uma operação de combate à agiotagem e à corrupção na cidade de Bacabal. Na época, cerca de R$ 4,5 milhões foram desviados da prefeitura de da cidade para esquemas de agiotagem.
Ele também já foi acusado de usar documentos falsos e ter duas certidões de nascimento, três registros de CPF, dois registros de identidade e dois títulos de eleitor para abrir várias contas e empresas com o objetivo de lavar dinheiro.
A Polícia Federal não explicou como é possível uma pessoa pode ter vários CPFs.
OPERAÇÃO ODACRO
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira, uma operação para desarticular um grupo criminoso suspeito de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo verbas federais em contratos Codevasf.
Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em São Luís, Dom Pedro, Codó, Santo Antônio dos Lopes e Barreirinhas. Um dos alvos foi o empresário Eduardo Costa. Durante a operação, foram apreendidos relógios de luxo e R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo.
O ESQUEMA
Após a operação em 2015, os policiais federais notaram que o esquema criminoso não somente continuou, mas cresceu nos anos posteriores, alterando a origem da verba desviada, que passou a ser federal.
Na prática, os criminosos criam empresas de fachada e simulam competições durante as licitações, mas com o real propósito de fazer com que a empresa vencedora seja sempre a de Eduardo DP, que possui grandes contratos com a Codevasf: a Construservice.
Construservice no governo Bolsonaro
A Construservice é a segunda empresa que mais firmou contratos com a Codevasf no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Até o momento, já foram empenhados mais de R$ 140 milhões.
Já a Codevasf é uma estatal responsável por realizar obras e serviços em estados do Nordeste, do Norte e no Distrito Federal. A empresa é comandada por integrantes do Centrão – grupo de partidos que atualmente dá sustentação ao governo Bolsonaro. A estatal recebeu R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares entre 2018 a 2021.
Em 16 de dezembro de 2020, consta na agenda oficial do presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, um encontro com Eduardo Costa. O evento aconteceu na sala da presidência na sede da empresa, em Brasília.
O que diz a defesa
Sobre a operação envolvendo a Codevasvf, a defesa de Eduardo Costa afirmou que a prisão temporária é desnecessária, pois o inquérito policial é fruto 'apenas do início da investigação e da visão unilateral da Polícia e do Ministério Público sobre os fatos', e que ele é inocente.
"A defesa de Eduardo José Barros Costa, entende, com base no ordenamento jurídico pátrio, ilegal e desnecessária a prisão temporária de seu constituinte. Informa que tudo o que há nos autos do inquérito policial em curso é fruto apenas do início da investigação e da visão unilateral da Polícia e do Ministério Público sobre os fatos; que ele nunca sequer foi notificado para falar, apresentar documentos e/ou quaisquer outras manifestações defensivas; que, a partir de agora, colabora com a investigação - que corre em segredo de justiça - esperando ter a oportunidade de prestar os devidos esclarecimentos, com os quais demonstrará sua inocência. Inocência, aliás, que deve ser presumida por força de expressa disposição constitucional", diz a nota.
Já em relação as operações anteriores e acusações de agiotagem por parte da Polícia Civil do Maranhão, o g1 pediu um posicionamento da defesa de Eduardo Costa, mas ainda não houve retorno.
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