Primeira, mas não a última: Iracema Vale e a força feminina no parlamento

"As mulheres precisam ser fortes, atuantes e seguras do seu trabalho. Nunca devem ser vítimas quando não o são, mas precisam ser protagonistas de sua história." Foi com essas palavras firmes que a presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputada Iracema Vale (PSB), abriu o I Encontro de Mulheres Legisladoras do Maranhão, na manhã desta quinta-feira (29), em São Luís.

Com 30 anos de trajetória política, Iracema fez história ao se tornar a primeira mulher a presidir o Parlamento Estadual em seus 190 anos de existência. Em um discurso marcado por emoção e firmeza, destacou a persistência humana e a força transformadora da mulher quando decide fazer a diferença.

Formada em enfermagem, Iracema contou que sua entrada na vida pública nasceu da inquietação diante das dificuldades enfrentadas pela população mais carente. “Fui trabalhar no interior, onde falta de tudo. Como enfermeira, sentia na pele a necessidade de cuidar e melhorar a vida das pessoas. Foi isso que me levou à política”, relembrou.

Mesmo desacreditada no início, seguiu firme. Em sua primeira eleição como vereadora, teve poucos votos e enfrentou a resistência da própria família. “Ninguém queria que eu me candidatasse, mas fui em frente. Quatro anos depois, fui a mais votada. Eu sabia que podia fazer mais”, disse, destacando o valor do trabalho dos vereadores, “a primeira porta que a população bate”.

Iracema traçou uma linha do tempo de sua ascensão política, iniciada no município de Urbano Santos, onde foi vereadora por dois mandatos e prefeita por duas gestões. Em 2022, foi eleita a deputada estadual mais votada do Maranhão, com mais de 100 mil votos. “Quando perdi a primeira eleição para prefeita, fiquei arrasada. Mas meu pai, homem simples e sem estudos, me disse: ‘Você perdeu uma batalha, mas não a guerra’. Nunca esqueci.”

Ao longo do discurso, ela ressaltou os desafios de ser mulher na política. “Ainda enfrentamos olhares atravessados, tentativas de silenciamento, questionamentos que não fazem aos homens, julgamentos sobre aparência e competência. Mas não estamos sozinhas. E juntas, somos mais fortes.”

Iracema lembrou que liderar a Assembleia é enfrentar diariamente a resistência de quem não aceita mulheres no poder. Mas ela segue firme, consciente do papel que desempenha ao abrir caminhos para outras mulheres. “Este encontro é sobre isso: protagonismo, superação e a certeza de que nosso lugar é onde quisermos estar.”

Encerrando sua fala com uma convocação às legisladoras presentes, ela destacou que a jornada é feita de desafios, derrotas e aprendizados. “Precisamos ser ousadas e corajosas. Representamos milhares de mulheres que contam com a nossa voz. Acreditem: é a vontade de aprender que nos torna grandes legisladoras.”